Gabriele Münter
Gabriele Münter, pintora expressionista alemã,
esteve na linha de frente da vanguarda de Munique no início do século XX. O
expressionismo alemão, inserido no contexto pré Primeira Guerra Mundial, foi
influenciado pelos escritos do Filósofo Friedrich Nietzsche. Era uma arte
radical de vanguarda que combatia o materialismo, os costumes e a alienação da
sociedade imperial alemã, suas ambiguidades e seu formalismo.
Münter pertencia a
uma família de classe média e começou muito cedo suas experiências artísticas.
Ainda criança, contou com o acompanhamento de um tutor e, mais tarde, estudou na
Escola Feminina de Artistas uma vez que, por ser mulher, não poderia ingressar
na Academia de Belas Artes de Munique. Não se sentindo desafiada pela Escola Feminina,
resolveu abandonar a instituição e buscar novos conhecimentos.
Em 1898, viajou para os Estados Unidos com a irmã para
visitar parte de sua família, lá permanecendo por dois anos. Seu estilo de vida
livre e sem restrições teve grande influência em sua arte. Viver na América e
na Europa deu a Münter uma visão da sociedade que muitas
mulheres não tinham na época.
Ao voltar para a Alemanha ingressou na escola Phalanx, uma instituição
particular em Munique, onde aprendeu técnicas de gravura, pintura e escultura.
Pouco depois de iniciar suas aulas, desenvolve um relacionamento próximo com o
diretor da escola, o pintor russo Wassily Kandinsky e, junto a ele, aprimora
suas técnicas. Segundo suas próprias palavras foi Kandinsky quem a ensinou as
técnicas necessárias para executar suas pinturas de forma rápida, podendo
captar melhor experiências visuais instantâneas.
Juntos eles viajaram durante cerca de quatros anos pela Europa
e norte da África. Passaram mais de um ano na França onde conheceram Henri Rousseau,
Henri Matisse e vários outros artistas da Escola de Paris. Enquanto estudava o
trabalho de Paul Gauguin pintou vários quadros a óleo. Uma das técnicas que
usava normalmente era a pintura com espátula. Em Paris começou a aperfeiçoar
suas técnicas de Xilogravura que se tornaram mais rápidas e precisas.
Em 1909, depois de já estar de volta a Alemanha há um ano, Münter se muda para Murnau onde estivera no ano anterior e conhecera o Hinterglasmalerei, estilo tradicional da região sul da Bavária, que consistia basicamente na pintura sobre vidro, meio que havia começado a usar em suas obras. Esse processo também foi adotado por Kandinsky, Franz Mark, August Macke e Heinrich Campendonk, mas Münter foi a primeira a realmente executar os meios tradicionais que esse tipo de trabalho tinha a oferecer.
MÜNTER, GABRIELE. Russian House (1931).
Seu relacionamento com Kandinsky durou em torno de 12 anos e durante esse
tempo influenciou fortemente seu trabalho. Juntos ajudaram a estabelecer o
grupo de vanguarda Neue Künstlervereinigung (Associação dos Artistas Novos). Em 1911 Münter afasta-se
desse grupo e junta-se a Kandinsky e Franz Marc no recém formado grupo expressionista Der Blaue Reiter. Várias eram as abordagens e projetos artísticos existentes nesse grupo,
no entanto, eles compartilhavam um desejo em comum: de expressar verdades
espirituais através da arte. Defendiam a arte moderna, a conexão entre a arte
visual e a música, as associações espirituais e simbólicas da cor e uma
aproximação espontânea, intuitiva à pintura em seu movimento em direção à
abstração.
O estilo
expressionista de Grabriele Münter, apesar de sua admiração pela abstração de
Kandinsky, permaneceu sempre firmemente figurativo. Originalmente uma seguidora
do Impressionismo, aproximou-se do Fauvismo entre 1905 e 1906 antes de se
assentar no expressionismo pelas influências de Jalensky e Van Gogh. Sua maior
característica, porém, veio do trabalho com vidro: os traços marcantes de um expressionismo
luminoso com contornos manchados no estilo próprio desse tipo de trabalho.
Dedicou-se muito a pintura de paisagens e momentos fugazes. A ela também
atribui-se a sobrevivência de diversos quadros do expressionismo alemão e,
principalmente, do próprio Kandinsky. Mesmo não tendo vivido com ele ao longo
de toda a vida, ela manteve muitos de seus quadros e dos demais colegas do
expressionismo, os quais escondeu durante os períodos de guerra evitando que
fossem apreendidos e destruídos.
Escrito por Stephanie Meneses de Almeida
Referências:
ENCYCLOPEDIA OF
VISUAL ARTISTS. Gebriele
Munter: Biography of
German Expressionist Painter, Partner of Wassily Kandinsky. Disponível
em: <http://www.visual-arts-cork.com/famous-artists/gabriele-munter.htm>.
Acesso em: 4 de abril de 2015.
Autor
desconhecido. Gabriele Munter. Disponível em: <http://www.wassilykandinsky.net/gabrielemunter.php>.
Acesso em: 4 de abril de 2015.
NATIONAL
MUSEUM OF WOMEN IN THE ARTS. Gabriele Münter.
Disponível em: <http://nmwa.org/explore/artist-profiles/gabriele-m%C3%BCnter>.
Acesso em: 4 de abril de 2015.
ResponderExcluirGabriele deve ter amado muito
Gabriele, embora poucas vezes citada nos livros de História da Arte, fez coisas muito lindas dentro do Expressionismo. Amou muito kandinsky. Depois dele não se ligou a mais ninguém que se sabe. E Merece mais atenção. Foi uma mulher notável.
Ele simplesmente a deixou e foi embora. Se casou com outra. Parece que ela ficou morando na casa onde eles viveram juntos. Sinto muita afeição por esta artista que passou solitária a maior parte da sua vida.